sábado, 31 de janeiro de 2009

S I L Ê N C I O

MANOEL HERCULANO

Hoje eu quero ficar só
Quero me ouvir, me sentir voltando ao pó
Com meus traumas, meus medos
Todas as minhas almas, meus pecados, prazeres e segredos
Vou fechar a porta, pra ver se o meu ego me suporta
E vou abrir a mente, mas somente para o mundo
Que fica logo ali, no fundo do meu quintal
Na fronteira com o irreal
Vou ficar quieto, em silêncio
Nem o que penso eu vou falar
Já sei que ninguém quer escutar
Há sempre muita pressa, muita promessa
Muito "qualquer nota", "qualquer gênero"
Tá na moda ser efêmero
Os bons momentos viraram clipe
E tudo é fama, é corpo, é VIP
As pessoas estão loucas e fingindo normalidade
Ah, que saudade! Nem sei de quê
De alguma época, algum lugar, talvez de você
Será mesmo que "todos estão surdos" como já disse o Roberto?
E ninguém mais sabe o que é bom, ruim, errado ou certo?
Diante desta surdez universal
Sugiro que continuemos olhando o mundo, indo para o mundo
Mas sem jamais esquecermos o nosso quintal.

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Obs: Este foi o grande responsável pra que eu me assumisse como poeta. Eu escrevia peças de teatro e sempre criava um poema ou canção para fazer parte do texto. Quando o escrevi e mostrei (hoje ele faz parte da peça "Estréia Quando?"), começaram a me convidar para eventos de poesia, mas na época, não me identifiquei... Anos depois, em 2007, fui a um evento no Castelinho do Flamento, coordenado por Aristô de Carvalho, que ao ouvir o poema, foi só elogios. E me levou no sarau apresentado por João Pedro Roriz ( e em vários outros lugares), que gostou também, e, ao ouvir "Descomposto", em seguida, falou que eu era um grande poeta. E eu acreditei. Até porque várias pessoas já haviam falado. Não podia ser só por causa dos "meus olhos azuis". No máximo por generosidade... Enfim, fiz um esforço e me assumi como poeta. E não parei mais. Já tinha outros poemas, escrevi mais, fiz a oficina no Castelinho, a diretora (Elisa de Castro) me viu, gostou, e abriu espaço para eu fazer uma apresentação, que foi um sucesso! Hoje estou com o espetáculo, que começou no Castelinho com o apoio fundamental da Aristô, Elisa, Roriz e outas pessoas que assistiram e me aplaudiram várias vezes em cena aberta... Ufa, é melhor parar por aqui, senão o ego... "Vou fechar a porta...".

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