domingo, 11 de novembro de 2012

R O D R I G U I A N A M E N T E

MANOEL HERCULANO

Pois é, o subúrbio saiu da máquina de escrever e deu olé
Mas bem antes do dilúvio e da arca de Noé
Mais ou menos desde Adão e Eva, evoé
A serpente já era Rodriguianamente a vida como ela é
Escravas do amor, história recontada, mastigada
E apesar de qualquer surdez, toda nudez será castigada
Seja num álbum de família, pernambucana, bem nascida
Com ou sem vestido de noiva, ainda vive a falecida
Dizendo-se engraçadinha, viúva porém honesta
Embora ser bonitinha mas ordinária seja o que lhe resta
Em cenas sedentas de beijo, amor e ódio e desejo ou surra
A sentença e a crença que toda unanimidade é burra
Relação íntima, suspeita, de espreita, que dói, que dura
Situação ínfima entre adultos, adúlteros, gente madura
E a confissão: vejo o amor pelo buraco da fechadura
Tudo em família, e na intimidade das crônicas públicas
De mãe pra filha, além do cunhado e revelações súbitas
Anjo negro que protege a mulher sem pecado
A dama do lotação e senhora dos afogados
O homem proibido que faz Dorotéia descer do salto
Ao ver no boca de ouro o beijo no asfalto
Desabafo: meu destino é pecar com os sete gatinhos
Um anjo pornográfico com nada mais que 17 aninhos
Mas como a vida não é só futebol, nem um arco-íris
Suzana Flag, perdoa-me por me traíres
Dancemos a valsa número 6, e antes que me obrigues
Te escrevo mais um poema totalmente Nelson Rodrigues

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Amigos, voltei! E com mais uma homenagem, desta vez para o homenageado da FLIPORTO deste ano, fui convidado a participar e precisava escrever alguma coisa, e aqui está, e gostei. Bem, são 20:30h do dia 11/11/12. Gosto de datas... Leiam, comentem, e eu agradeço a todos pelas visitas a este Blog. Um dia sai o livro, já faço o espetáculo. OBRIGADO!