sábado, 12 de junho de 2010

TEMPOS DE TREM

MANOEL HERCULANO


O tempo passa, em todo lugar, o tempo todo
O trem também, veloz, devagar, ou de acordo
O tempo e o trem partem, e voam, em alta velocidade
Ou no ritmo lento do vento de uma pequena cidade
E então, enfim, seguimos assim:
O trem na linha, e eu na minha

Em outro povoado, uma vovó pita, o trem apita
E, descarrilhado, o meu coração palpita
Todo dia o trem passa e leva um grande amor
O trem passa todo dia, a todo vapor
Lá em Itapecuru, no meu querido Maranhão
Sob céu azul, deixei um olhar perdido na estação
E outro no coreto da praça, quando chovia
Lágrima não disfarça, nem choro de alegria

O trem corre no trilho, a saudade morre no abraço
Despedida de mãe e filho, o tempo deixa seu traço
O trem e o tempo, o tempo e o vento
O vento no trem, tempo de outro invento
Vento que passou, vendo o tempo passando
Trem que atrasou, trazendo ventos de outros tempos
Tempos de trem chegando

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Mais uma encomenda!... rsrs. Feita por minha amiga Lydia Simonato. Entrou na "Domingueira Poética", do Professor Victor Ferreira (Antologias do Trem). E fui convidado a apresentá-lo dia 15 deste no "Poesia Simplesmente" - Teatro Gláucio Gil. Bem, já que agradou tanto, resolvi postá-lo, nesta madrugada (já passa de 1h) de 13/06/2010. Dia de Santo Antônio!!! Quanto saudosismo! Nem sou tanto... Comentem, por favor.

P.S. 17/06/10 - 02:30h - Pois é, fui, falei o poema e, modéstia à parte, foi um sucesso. E para completar, Lydia o colocou no varal ao lado do "Trenzinho caipira" (que cantei a pedido dela...) - Ferreira Gullar.