quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

CORUJAS URBANAS

MANOEL HERCULANO

Eu confesso, tenho todos os sintomas de um pai ou mãe coruja
Do tipo que deixa hematomas de carinho antes que o filho fuja
Que abraça, sufoca, beija, aperta, dá bitoca, e solta rojão
Mas agora, quem diria, troco a noite pelo dia, por outro filho fujão
E noite afora eu me transformo em corujinha, corujão
Ás terças, no Leblon, tem poesia em alto e bom som
Apareça, não me esqueça, entre no Tom, de Vinícius
É terça, é cabeça, é tudo de bom, loucos sem hospícios
Tem gente que sabe falar, que sabe escutar, gente bacana
E a poesia voa, e ecoa em Ipanema, Copacabana
Passa pelo Centro, dispensa canoa, atravessa a ponte
E levada pelo vento da Lagoa, chega ao berço, à fonte
Sem corujice, sem querer apenas aparecer
Com alguma rabujice e muitos poemas esperando o sol nascer
Vai-se a poesia, vão-se os livros, e voltam em forma de poetas vivos
Sabe como é, quem se torna coruja não aceita ser caburé
E não queremos o seu ouro, nem emanamos agouro
Somos um bando de poetas e não uma penca de bananas
Valemos mais que moedas, somos corujas urbanas
Portanto, quando uma coruja piar, não vire as costas
Seja coruja, corujinha ou corujão
Uma só conclusão: respeito é bom e a gente gosta.

------------------------------------------------------

Obs: Poema em homenagem ao CORUJINHA e CORUJÃO. Sugerido por LUCIANA DAU, ao ouvir a expressão "CORUJAS URBANAS".

Nenhum comentário: