sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OS MAIS BONITOS

MANOEL HERCULANO

Como nossos pais, pais e filhos, só sabe mesmo quem tem os seus. Ah, os filhos, somente quem os tem poderá dizer: meu Deus! E se questionar: onde eu fui meter o meu nariz? O quê que eu fiz para merecer ser tão feliz? É sério, e não tem mistério, o que existe é muito barulho e pouco som. Acredite, com gula ou falta de apetite, filho é quase tudo de bom. Eles vêm em fascículos, nos dão ritmos, nos tornam ridículos. E para variar, possuem o dom de nos deixar um tantinho acima do tom. Aí, você entende um legítimo sentimento de posse. E aprende o que realmente é bom pra tosse. Se perguntará: como consigo amar tanto essa pestinha? E frequentar tanta pracinha, parquinho, festinha? Filhos, filhos, eles tocam o terror, que horror, quanto amor! Um amor incalculável, insuportável. Porque filho é pura poesia, psicologia, psiquiatria. E já que é pra sempre, eu falo mesmo, sem consciência pesada. Adoro criança, principalmente criança educada. Filho é escola, é brincadeira séria, jogo de bola, bactéria. Casa de boneca, jogo de peteca, assunto para outra matéria. Abraço de filho nos cala, nos faz perder a fala. O seu sorriso é a visão do paraíso, onde a paz se instala. E nos sentimos agraciados, esquecendo as febres e os resfriados. Filho é ingenuidade, sagacidade, malícia, filho é uma delícia. Somente na hora da verdade, por descuido ou falta de carícia, é que, vez ou outra, filho vira praticamente um caso de polícia. Fazem cada pergunta que a criatura aqui cai de costas. Só  tendo muito jogo de cintura para não deixá-los sem respostas. Eles nos fazem perder o sono, com choro de manha ou por cólica. E quando escolhem o abandono de adulto numa aventura alcoólica. Os filhos crescem e os pais não percebem, não querem enxergar. Os pais padecem se os filhos bebem e o equilíbrio tende a envergar. E, portanto, falando de filhos, é assim que eu findo. Quem quiser que tenha o seu para chamar de lindo. Os pais sempre acham seus filhos belos, fazem elogios infinitos. Eu não, eu apenas  considero meus filhos os mais bonitos.


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*** De volta (continuam as homenagens), com este texto/poema que escrevi há um tempo (reescrevi agora) e quis postar hoje para homenagear os meus filhos lindos (que pensam que não são mais crianças...) Lucas e Daniel. Eles estão no Maranhão e nem sei quando/se vão ler... Bem, optei por este formato porque não parava de escrever e por ter dúvida se o poema estava resolvido... Enfim, aqui está. Já são 2h do dia 13 de outubro. Ufa! Até logo!!!