quarta-feira, 20 de março de 2013

SOU DÓ RÉ MI FÁ SOL

MANOEL HERCULANO


Amanheço e já não me sinto só, sinto-me sol
E só anoiteço para sonhar com o sol da meia noite
Com a alvorada, e despertar na manhã ensolarada
Sol que madruga, que seca, enxuga, coisa e tal
Sol que bronzeia, a bonita, a feia, a roupa no varal
Sol que queima, que vai e vem, e volta, e teima
Com seus raios, reestreando todo santo dia, sem ensaios
Faça sol ou faça chuva, eu te espero na curva
Na esquina, no farol ou embaixo do lençol
O mundo gira, tudo pode girar, virar girassol
E neste solo, quero fazer um solo musical, em si bemol
E solar, como um rouxinol
Eu sou solar, sou dó ré mi fá sol
O sol que se põe e faz com que eu me ponha a pensar
Ao vê-lo mergulhar atrás da montanha ou do mar
Fim de tarde, despedida covarde, uma quase agonia
E no final do dia, com toda minha covardia
Sem linha nem anzol
Bem que eu ainda gostaria de pescar o sol

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*** Mais de um mês sem postar... Mas voltei com este poema que está no espetáculo e não estava aqui. Então, atendendo a pedidos (apenas um, da Eny Pires, que o tem como preferido) resolvi postá-lo. E também em homenagem a Emílio Santiago que nos deixou hoje e que era absolutamente afinado em todas as notas musicais. E porque hoje iniciou esta linda estação que é o outono. E porque amanhã é o Dia Mundial da POESIA. E porque hoje estarei com Ferreira Gullar. E porque no próximo dia 25 completarei 25 anos no Rio de Janeiro! Ufa, muitos motivos, além de ser um poema que agrada bastante quando eu falo, e me sinto feliz por tê-lo escrito. Enfim, aqui está, comentem, por favor. São 16:00h do dia 20/03/2013. Um grande abraço e até breve, com outro poema, porque sempre passo por aqui, claro. Ah, para quem ainda não sabe, a pessoa veio do MARANHÃO!... rsrs.