segunda-feira, 23 de junho de 2014

OUTROS VIVAS

MANOEL HERCULANO

E darei vivas à vida, outros vivas, bem vivos, de viva voz
direi que vivo entre nós os entretantos de uma vida à sós
Vida, viva nós, viva vós, viva a sabedoria na voz dos avós
Meu viva aos xodós, aos roxos de amor, aos rouxinóis
aos que vivem entre as estrelas, sob as luas, sob os sóis
sobre solo maranhense com seus lenços, seus lençóis
e aos que solam em dó maior, sem dó, nos forrobodós 
Viva, viva Codó e os esquimós, Mossoró e os cafundós   
Caraca, viva as cascatas, as cataratas do Iguaçu e sua foz 
viva o que vela e é veloz, o que é fera e não é feroz
Viva as Caróis, com seus caracóis, seus cachos e cachecóis  
viva também os bobos, os bobós, os Bozos, os Bozós 
o Pedro Bó, e quem parece ser bocó mas tem borogodó
Viva o desfile dos filés, das Filós, dos feijões, dos Feijós   
nos bares, nos bazares, nas brechas, nos brechós 
Viva o canto e o choro dos Chororós, dos curiosos e curiós
e mais um viva aos forrós, aos faróis, ao faro dos faraós
Viva nossos pais, nossos paióis e o carimbo dos carimbós
quem sonhou ser Cauby, cowboy, afogado em seus gorós 
Viva o albatroz, vos peço pelos poros dos alhos-porós
pelos galos e seus gogós, cocoricós, suas galinhas carijós
Viva os que sabem onde dói e não saberemos que são heróis
e aquele que se reconstrói em dias azuis via linha dos anzóis
Viva a paciência dos Jós, viva Carlitos Chaplin e os caritós
os pálidos impávidos que jogam palitos trajando paletós           
Viva os áridos e aquele toró que foi beber água no tororó
os que sabem de cor um hit do Dicró e a dor que lhe corrói
os que não cabem no trem, no trenó, na barca Rio-Niterói
Viva as graduações e suas pós, viva alguns contras e prós
e ainda os quiprocós, antes e após se desatar o nó dos cipós
Um viva para os pataxós, para os que socorrem os socós
os atuns, os atóis, os jilós, os girassóis, viva as cidades Jericós 
Pelo mágico de Oz, só sei que foi assim, como dizem os Chicós
                                                                   
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***Este poema deu trabalho, ufa! O escrevi (o esqueleto) em 2011, e
toda vez que ia postar aqui no Blog eu pensava nele, tentava terminá-lo,
mas acabava desistindo... desta vez bati o pé, por isso demorei, e ainda
posso mexer, já até troquei o título (De Viva Voz). Bem, é madrugada,
são quase 3h do dia 23/junho/2014. Agradecido! Abraços!