terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

TRIÂNGULO DESAMOROSO

MANOEL HERCULANO

Amor? Já insisti
Principalmente durante as primaveras, que ainda contemplo
Amei, amo e amarei, deveras, nas horas floridas de setembro.
Ciúme? Já resisti
Possivelmente diante dos outonos, dando o meu exemplo
Folhas caindo em profundos sonos, é somente o que eu me lembro.
Traição? Já desisti
Provavelmente mediante os verões, que destroem templo
E são quentes demais para as canções, que nascem em dezembro.
Amor, ciúme e traição: essa junção deságua no inverno
E acaba em união, em separação, em inferno.
Com uma pitada de ciúme, o amor poderá sofrer traição
É uma cilada, um azedume, dor e contradição.
Mas sem este triângulo, seríamos fracasso ou sucesso?
Amor, admito; ciúme, omito; traição, não confesso.
Amor, ciúme e traição, quem está com a razão?
Cada um defende a veracidade de sua versão
E cada versão é parte de pelo menos três verdades, uma doideira:
A verdade de um, a verdade de outro, e a verdade verdadeira.

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Obs: Outro com tema sugerido pela OLDI. Nada pessoal...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A REGRA É CLARA?

MANOEL HERCULANO

Eu consegui nascer no aclamado país do futebol
E quase não sou fã, nunca vou ao Maracanã
Principalmente em um belo domingo de sol.

Nada contra, eu só não gosto como tu gostas
Não vou fundo, até porque os melhores do mundo
Vira e mexe levam cada bolada nas costas!

Sim, admito, eu também tenho um time do coração
Um coração ponderado, não tão apaixonado
A ponto de perder a razão, o jogo e a noção.

Na verdade, confesso sem nenhum constrangimento
Eu não entendo é nada, seja clássico ou pelada
Não consigo identificar o tal do regulamento.

Enfim, dentro do campo, não sei direito quem é quem
Jogo tão mal, que nem chego a ser perna de pau
E assistindo, uma legenda explicativa cairia bem.

A bola rola e, às vezes, eu nem sei quem jogou
Só uma coisa eu sei, bola na rede, ah, isso eu sei
Se o juiz apitar e não anular, com toda certeza é gol.

Se dribla um, dois, três, poderá ser o artilheiro
Se apita e empina o nariz, e tem a mãe xingada, é o juiz
Se pega a bola com a mão, isso eu também sei, é goleiro.

Se dá palpite, grita, chora e se descabela, argh, é torcedor
Se quer escalar o time, ser técnico, é fanático e patético
Se só fala palavrão, pratica violência, é candidato a perdedor.

Se é vítima de falta, pênalti ou frango, ih, é coitado
Vai de herói a vilão num chute, é assim, vapt vupt
Mas basta fazer um golaço para, de novo, ser endeusado.

Ficar na cara do gol aos quarenta e cinco do segundo tempo
E chutar na trave, eu acho que é uma falta grave
Já um gol de placa, da grande área, tem que ser exemplo.

Enfim, para mim, dentro do gramado, nem tudo está na cara
Esbarrão, mão boba, pontapé, nem tudo que parece de fato é
Portanto, não adianta me dizer que a regra é clara.

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Obs: Este é um daqueles poemas que me dão a sensação de inacabados (apesar do tamanho). Talvez, pelo formato... Não cosigo decorá-lo também. Nasceu na OLDI, acho que o tema era gol.

S E O L H O

MANOEL HERCULANO

Se olho para o mar
Eu sonho mais, percebo-me calmo
A fúria das ondas me traz serenidade.

Se olho para o céu
Eu creio mais, lembro-me do salmo
Que a todos conforta com um quê de eternidade.

Se olho para você
Eu quero mais, sinto-me a um palmo
A menos de um segundo da verdadeira felicidade.

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Obs: Consegui fazer um poema pequeno! Este faz parte de uma peça de teatro: "Por que casou? Casou por quê?"