Tudo bem, eu
sei que tenho talento, mas qual será o meu papel?
Sim, eu sei
que arrebento, tenho vocação, posso fazer inocente ou réu.
E então, qual
a escalação? Farei parte da turma do bem ou do mal?
Ou serei o
protagonista, aquele que faz o papel principal?
Eu não me
incomodo de ser o mocinho, o galã ou o símbolo sexual.
Nem o vilão,
numa participação especial, encabeçando o elenco.
Bandido? Bem,
é um caso a pensar, agora, sem brilhar eu despenco.
O quê? Não
entendi. Amigo do amigo do coadjuvante?
Só um instante,
isso não é simplesmente um papel de figurante?
Ou no máximo,
por amor à arte, fazer parte do elenco de apoio?
Vamos separar
o trigo do joio, ou o joio do trigo, eu tenho carisma.
Pensa comigo,
não é cisma, vamos raciocinar pelo mesmo prisma:
Não dizem que
o mais importante, o que dá ibope é ter química?
Então esquece
o autor, o diretor, o gerente do banco, a síndica.
Esquece até o
português e a gramática, basta uma cara bem cínica.
E sem dar a
mínima para quem tem prática, citar frases enfáticas, tipo:
“O personagem
é diferente de tudo que já fiz”, declara o ator, a atriz.
“Está sendo
um grande desafio, mas eu estou muito, muito feliz”.
Eu quero
estampar minha cara nos segundos cadernos, na capa das revistas,
quero
declarar em entrevistas: “esse personagem foi um presente,
principalmente
por estar ao lado deste ou daquele monstro sagrado”.
Ou talvez eu
diga simplesmente: “está sendo um grande aprendizado”.
Mas também
posso falar que “me cuido”, que “estou dando tudo de mim”,
e por fim,
sei lá, eu posso declarar que “está sendo muito gratificante”,
que “estou me
divertindo muito”, e tudo isso, claro, sem ser redundante.
Antes de
gravar, tem-se muito que esperar, além de decorar o texto.
Dar
autógrafos, fugir dos fotógrafos e fingir que... só mais um pretexto.
São tantas
cenas, personagens, figurinos, maquiagens, destinos e cafajestes,
que confundi
ricos e pobres, plebeus e nobres, e não passei nos testes.
Por isso eu
também já não me incomodo de ser escada para outros atores,
de qualquer
modo, quero ir além do nada, nem que seja à custa de dissabores.
Dando show,
banho de interpretação, pagando a conta, de dublê ou stand by.
Para uma
grande participação ou uma ponta, é só chamar, vou aguardar, bye bye.
*** Este é antigo, Já fazia parte do repertório na primeira apresentação
do espetáculo no Castelinho do Flamengo. E só agora resolvi postar!
E ainda com dúvida ... rsrs. Tomara que gostem. São 15h do dia 11/03/14.
E o computador faz o que quer, não o domino. Nem ele a mim...
Obrigado pela visita. Grande abraço.
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