MANOEL HERCULANO
Com licença, esta é uma voz da consciência:
Hum hum humhumhum...
Ouça como quem um dia ouviu o apito negreiro do navio
Como quem se importa com o que realmente importa
Ouça como quem ainda ouve o apito da fábrica
Como se nossas digitais fossem iguais, impressas na mesma gráfica
Como se estivéssemos com os dois pés no chão da África
Ouça, ouça o canto da matriarca de todas as raças
O lamento dos caçadores e principalmente das caças
Ouça o que nos diz a lei da igualdade
Da liberdade, da responsabilidade, da solidariedade
Ouça aquele grito, antes que ele se perca no infinito
Ouça o gemido, e o poema que também quer ser ouvido
Ouça a prece, não se abandone, não se aprisione, não se apresse
Vista-se de mamãe África, com todas as suas cores e sabores
Porque se as cores têm afinidades, as raças têm africanidades
E eu não passo recibo, não dou cheque, já é sabido, sou black
Ouça minha voz, e cá entre nós, a canção que canto não é grega
Sabemos que as estrelas brilham muito mais numa noite negra
E se o negro já entrou para a história e está na ciência
Paciência, nada de ter piedade, sentir dó, o negro não está só
A ideia é ter atitude, e não apertar novamente o nó da chibata, da violência
Para que a negritude entre definitivamente na ribalta da nossa consciência.
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--- Neste dia 5 de dezembro (agora são 22h), estou postando este poema que fiz para falar no CORUJÃO da POESIA, no OI FUTURO de Ipanema, dia 25 de novembro/2010, pelo dia da Consciência Negra. Gostei, e você? Comente, por favor. Até breve!
domingo, 5 de dezembro de 2010
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2 comentários:
Por indicação via facebook de uma grande amiga que lhe viu em um sarau no Rio, vim aqui ver pra crer. Gostei quando me identifiquei com "Mesmo quando não entendo o poema, compreendo o seu dilema."
Estou seguindo, trocando, compartilhando tudo o que a boa literatura tem a nos oferecer: alma limpa de preconceitos!:)
Adorei seu espaço Herculano!
Vou frequentar mais vezes!
beijo da amiga/fã
Marisa Vieira
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