domingo, 24 de abril de 2011

TANTAS VEZES

MANOEL HERCULANO

*
Às vezes me canso de ser alto mar, e volto a ser um manso leito de rio
Quando insistem em me fazer chorar, enxugo lágrima por lágrima e rio
E quando alguém me manda calar, abro o bico, nunca fico sem dar um pio

**
Certa vez me apaixonei e perdi a paz, tudo bem, tanto faz se o amor não é vil
Aprendi que "dois é bom, três é demais", embora eu goste de ouvir um trio
Entendi o que faz uma vírgula a mais, ou a menos, ou ainda a falta de um til

***
Mas vez ou outra, diante de um fato, eu prefiro seguir andando por um fio
De vez em quando deixo de ser pacato, e rapidamente todo feliz entro no cio
Muitas vezes ouço: nossa, que gato! E em outras escuto: olá, tudo bem, tio?

****
Quantas vezes durante os confrontos, Caetaneio com Djavan, Chico e Gil
Deus sempre me dá uns descontos, então eu canto: Dio, come ti amo, Dio
Não me vendo, não entrego os pontos, nem por alguns milhões vezes mil

*****
Tantas vezes decido em pleno verão, mudar de estação para sentir frio
É que sou assim, solidário à solidão, tenho meus princípios, tenho brio
Eu nunca brigo com a inspiração, simplesmente lavro minha mente e crio

-------------------------------------------------------------------------

/// Neste 25 de abril (já é 00:50h), como meu presente de aniversário, resolvi postar este poema que escrevi em 2009 e que gosto muito, embora, para variar, tenha pintado a dúvida se realmente estava pronto... Mas enfim, agora está aqui. Digam-me TANTAS VEZES quiserem o que acharam. Feliz Páscoa (ontem e sempre) e até breve!