quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A PORTA

MANOEL HERCULANO


Bati a porta,
E nada mais se ouviu.
Ninguém nem você insistiu.
Grande cena e ninguém aplaudiu.
Que pena, seria aquela nossa última cena?
Bati a porta e não havia um diretor para gritar: corta!

Bati à porta,
E ela não se abriu.
Ninguém nem você me ouviu.
Grande amor e ninguém admitiu.
Procurei por você, nos procurei, cadê, cadê?
Fui embora e não havia um ombro amigo para dizer: chora!

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--- Já é dia 27, exatamente 1:55h. Este poema é da safra antiga, mas foi o escolhido.
Você leu? Então comente, por favor. Até breve!!! Aliás, eu estou sempre por aqui, mesmo quando não posto, venho rever os poemas postados e comentários. Grande abraço!

sábado, 24 de julho de 2010

FILHO DA MÃE

MANOEL HERCULANO

Antes que, por amar, por excesso de amor, a gente se estranhe
Escute o meu cantar: "oh coisinha tão bonitinha da mãe"
Ela te pare e passa a vida inteira dizendo: repare, siga, pare
Te dá a luz, casaquinho com capuz, carinho, todinho e a cruz
Ela escolhe o teu nome, te faz mulher e homem
Te dá um sobrenome e ainda tem peito pra matar a tua fome
Ela te ensina, te desaprende, grita tua sina, não te compreende
Te chama, te abraça, te ama, reparte a cabaça, vira cumbuca
Te faz cafuné na nuca, te endeusa e te educa até ficar caduca
Lambe a cria, passa a mão na cabeça quando a vida desanda
Todo dia faz com que você não esqueça que é ela quem manda
Não esquece tua janta e monossilabicamente te espanca
Ela é teu brinde no fim do ano e teu ringue no cotidiano
Mãe ou mamãe, ela quer escolher o teu par porque ela é ímpar
E a escolha é um preâmbulo para com ela virar um triângulo
E nesta relação nobre de amor, de rima pobre com dor
Não há outrossim, só a imensidão do mar, marzão sem fim
Mar de rosas, espinhos, resfriadinhos, com tempo bom ou ruim
Então encara, mergulha, joga na cara, seja a linha na agulha
Deixa que este mar de emoções, com ou sem razões, te banhe
Aceita, como uma graça, que este horizonte te acompanhe
Brinda com cachaça, um vinho barato ou o melhor champagne
Porque é fato, você nasceu dela e é, de fato, um filho da mãe

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--- Mais um tema sugerido pela OLDI (meu grupo de leitura e escrita), e como o poema agradou bastante lá, estou postando aqui... Detalhe: nada pessoal, mas qualquer semelhança, talvez não seja mera coincidência...rsrs. Por favor, "filhos e filhas da mãe", leiam e comentem. (25/07/2010 - 1:30h).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

DaniFica

MANOEL HERCULANO

Meu amor, simplifica
certifica
pacifica
purifica
personifica
unifica
ratifica
ramifica
intensifica
qualifica
justifica
massifica
exemplifica
glorifica
dignifica
danifica
Mas por favor, Dani, fica!

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--- São 3h da madrugada de 06/07/10. Acho que vou mexer neste poema depois... Agora estou cansado, vou dormir.

sábado, 12 de junho de 2010

TEMPOS DE TREM

MANOEL HERCULANO


O tempo passa, em todo lugar, o tempo todo
O trem também, veloz, devagar, ou de acordo
O tempo e o trem partem, e voam, em alta velocidade
Ou no ritmo lento do vento de uma pequena cidade
E então, enfim, seguimos assim:
O trem na linha, e eu na minha

Em outro povoado, uma vovó pita, o trem apita
E, descarrilhado, o meu coração palpita
Todo dia o trem passa e leva um grande amor
O trem passa todo dia, a todo vapor
Lá em Itapecuru, no meu querido Maranhão
Sob céu azul, deixei um olhar perdido na estação
E outro no coreto da praça, quando chovia
Lágrima não disfarça, nem choro de alegria

O trem corre no trilho, a saudade morre no abraço
Despedida de mãe e filho, o tempo deixa seu traço
O trem e o tempo, o tempo e o vento
O vento no trem, tempo de outro invento
Vento que passou, vendo o tempo passando
Trem que atrasou, trazendo ventos de outros tempos
Tempos de trem chegando

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Mais uma encomenda!... rsrs. Feita por minha amiga Lydia Simonato. Entrou na "Domingueira Poética", do Professor Victor Ferreira (Antologias do Trem). E fui convidado a apresentá-lo dia 15 deste no "Poesia Simplesmente" - Teatro Gláucio Gil. Bem, já que agradou tanto, resolvi postá-lo, nesta madrugada (já passa de 1h) de 13/06/2010. Dia de Santo Antônio!!! Quanto saudosismo! Nem sou tanto... Comentem, por favor.

P.S. 17/06/10 - 02:30h - Pois é, fui, falei o poema e, modéstia à parte, foi um sucesso. E para completar, Lydia o colocou no varal ao lado do "Trenzinho caipira" (que cantei a pedido dela...) - Ferreira Gullar.

domingo, 23 de maio de 2010

E U . . . N Ó S . . .

MANOEL HERCULANO


EU AMO do meu jeito
cheio de defeito
trejeito
dor no peito
TU AMAS de outra forma
com regra
norma
como um eleito
ELE AMA todas
tudo
sorrindo
sisudo
todos de amor refeito
NÓS AMAMOS uns aos outros
feito potros
garotos de dezesseis
VÓS AMAIS de qualquer maneira
plantando bananeira
talvez
ELES AMAM como se fosse a única vez
na vida
no ano
no mês

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Voltei (volto sempre), falando de amor... hum!!! Nesta madrugada de 24/05/2010.
Terminei este poema ontem e, feliz, por ser pequeno, antes de me estender a outros pronomes, postei logo. Comentem!!!

domingo, 9 de maio de 2010

NÃO SEI NÃO

MANOEL HERCULANO


Já não sei por onde anda e com quem anda meu coração
E os meus pensamentos mais fiéis, cruéis
Ah, esses, eu também não sei não

Perdi o meu olhar de vista
Perdi o medo de me molhar na pista
E aquele sorriso mais sincero, singelo
Do eu que se comove com a chuva que só em mim chove
Aquele lá, já não sei para quem dar, ficou amarelo

Já não sinto tanta saudade do que não vi, não vivi
Mas ao quinto, e outros amores, eu sobrevivi
E daquele projeto incrível, impossível, não desisti

Hoje meus sonhos são um tanto leais, e tão reais
Que não quero mais quem eu sempre quis
Não pretendo voltar para o bis
Nem dedicar uma vida, aparentemente resolvida
Para ter apenas um, algum, e talvez outro, momento feliz.


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Antes de completar um mês sem postar!... Este eu catei no baú, dei uma repaginada e aqui está, às 2h da manhã do 10/05/10 ( que data!), pós dia das Mães. Parabéns, Saúde e Felicidades para todas, especialmente a minha, Mariazinha, que está lá no meu Maranhão! Como a última postagem foi em homenagem às mulheres... Até breve!!!
P.S. Não teve jeito, mexi no poema depois de postá-lo... Fazer o quê?

domingo, 11 de abril de 2010

D O N A S

MANOEL HERCULANO


Mulheres, pior não tê-las
Pois mesmo as tendo, como sabê-las?
Mulheres de Atenas, atentas, de antenas ligadas
Mulheres de vários nomes, vários homens, emancipadas
Mulheres de Chico, que ficam de chico, e chutam o pinico
Mulherzinhas, mulheronas, tuas, minhas, mulheres de zonas
Zona sul, zona norte, natural da zona rural, o braço mais forte
Mulheres amadas, amantes, de décadas passadas, e de bem antes
Mulheres mães, irmãs, mulheres guerreiras, brasileiras, meio alemãs
Mulheres belas, feras, ferinas, mulheres amigas, formigas, e femininas
Mulheres que puxam a peixeira, para muitos talheres, mulheres mandonas
Mulheres de primeira, com RGs, TPMs, CPFs, que comem PFs, ou Madonas
Queira ou não queira, homens são chefes, mas elas, elas são as verdadeiras donas.


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--- Mais um poema encomendado (está ficando quase natural para mim...). E claro que foi inspirado em "Mulheres de Atenas" do Chico Buarque. Resolvi postá-lo nesta madrugada do dia 12/04/2010. São exatamente 3h. Ainda em homenagem às mulheres!...