terça-feira, 24 de setembro de 2013

COMANDO E DESMANDO

MANOEL HERCULANO


Entendo que qualquer história só se constrói
Com alguma tragédia ou comédia e valentia
Na terra bandido e na grande tela um herói
Tudo conforme a fúria da furiosa ventania
Porque quase sempre até mesmo o amor dói
Mas toda dor, também, tem lá sua serventia

E hoje quando minhas mangas eu arregaço
Sei bem porque quero continuar remando
Não temo trovão, escuridão nem mormaço
Já me sinto como se estivesse no comando
Vivendo pleno em pleno sertão do cangaço
Com a minha turma, a força do meu bando

Há muito aprendi que chuva não é chuvisco
E que vereda é feita pra gente se enveredar
Eu já fui voador sem nunca ter sido disco
Mas esse assunto já deu o que tinha que dar
Porque o diabo louro era o próprio Corisco
E seu amor, maior e infinito amor, foi Dadá

E agora José, de Ribamar ou de Francisco
Se a velha carapuça te serviu, então veste
Porque quem entende do riscado faz o risco
E enfim enxerga a rica pobreza do agreste
Sabendo ou não sobre Lampião e Corisco
Comando e desmando, dois cabras da peste

Eita vasto mundão com muro e com cerca
Onde qualquer um já é dono e cangaceiro
No campo ainda há tanta fome, sede e seca
Sangue e suor do pai de família guerreiro
Mas que nenhum dos que sonham se perca
Num faroeste de dor e forte braço brasileiro

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*** Voltei, e com este (meio) cordel. Na verdade me pediram 
para escrever sobre Corisco e Dadá, não deu em nada, mas 
depois resolvi aproveitar o assunto, fiz modificações e ficou
assim. Que tal? Bem, o fato é que ando escrevendo muito sobre 
o meu nordeste (já existem alguns poemas iniciados), está em 
mim... São 16h do dia 24/09/13. Até logo, estou sempre por aqui. 
Agradeço as visitas de todos! Abraço.   

quarta-feira, 17 de julho de 2013

A POESIA QUE NOS VESTE

MANOEL HERCULANO                     
                     
Viva a poesia viva, a poesia deusa, a poesia diva
A poesia que veste os deuses gregos da Silva
Viva os versos que nos vestem no dia a dia
Que nos levam a aplaudir o pôr do sol de poesia
Um belo poema sempre merece todas as palmas
Porque a poesia veste corpos e almas
Dos pais que estão na moda, que são modernos
Vestidos poeticamente em seus ternos
E dos poetas e seus poemas alinhados, alinhavados
Que tecem o destino dos namorados
Viva, viva os poemas novos e os mais antigos
Que servem de abrigos para os amantes, os amigos
A poesia sempre nos cai bem, nos veste bem
Aquece e ilumina a vida tal qual uma lareira
É isso que acontece quando a poesia desce da prateleira
E desfila toda a sua leveza nas passarelas
A beleza de suas cores, estampas e aquarelas
Esta poesia que nos veste a olhos nus durante a semana
Nos reveste de luz e um sentimento blues emana
E esta boa energia de pura poesia que nos alimenta
Também é vestimenta no catálogo da coleção
Seja na estação outono inverno ou primavera verão
Então viva o amor eterno entre prosa e verso
E um viva bem vivo à poesia que veste todo universo

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*** Há exatamente 6 anos, dia 17/07/2007, eu fui pela primeira vez ao
Corujão da Poesia, na Livraria Letras & Expressões do Leblon, e não
falei, só ouvi... Ontem, na Livraria Saraiva do Leblon, para onde o
Corujão voltou semana passada, foi incrível! Pra começar, antes de me
chamar, o nosso padrinho Jorge Ben Jor leu um poema (Meninão) que
escrevi quando o Corujão fez 4 anos (2009), em seguida cantou comigo:
"Ô de casa, dá licença/ Sou do Rio Maranhão..." E ainda cantei o pot-
pourri que fiz em homenagem a ele e falei "Versos sem métrica". Ufa,
quanta felicidade! Muito agradecido a todos. E resolvi postar este
poema feito sob encomenda, espero que os vista bem... São 23:40h
do dia 17/07/2013. Ah, detalhe: a nova Livraria Saraiva fica em frente
onde era a Letras & Expressões, hoje é uma farmácia...
Grande abraço!    

sábado, 8 de junho de 2013

R O M A N O

MANOEL HERCULANO


Mas para quem gosta, degusta e aposta nas letras
tanto faz que sejam garrafais
brancas ou pretas
E aquela voz de pais e avós que não se calava
hoje ainda se manifesta na festa do amor pela palavra
O escritor é um escultor de frases
o poeta se inquieta como os hifens, as crases
Mas há um tema, uma voz a lhe dizer que não tema
porque ainda que entre aspas caia o trema
sempre existirá assunto para outro poema
Entre parênteses, parentes e seus dedos de prosa
verso que no dia a dia com a poesia se entrosa
Som da palavra falada, escrita, que calada, grita
para que então confesse quem nunca confessou
este poema é minha prece para um professor
Ele é mestre e se veste de simples humano
passa no teste, ensina, escreve e assina: Romano

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*** Há mais ou menos um ano me pediram para escrever um poema em homenagem a um poeta. Na dúvida se conseguiria, escrevi. Esta semana encontrei o poema entre meus escritos, ontem uma amiga havia me falado sobre esse poeta, e hoje, após ver um post dele no facebook, resolvi postar o poema aqui no Blog. Sim, é Affonso Romano de Sant'Anna. O livro/coletânea saiu em Minas, mas ainda não vi... São 21h do dia 08/06/2013. É isso, agradeço a todos pelas visitas aqui. Voltem sempre! Abraços e beijos.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

VIGE MARIA

MANOEL HERCULANO


REF:  Mar, maré, maresia
         Vige Maria, minha mãe Maria
         Lua, estrela, noite, dia
         Vige Maria, todas as Marias

Eu vim pra esse mundo de meu Deus
Na bagagem sonhos, quase todos meus
Mas ando com saudade de você
Quero te rever, lá no Reviver

Eu às vezes ouço o teu cantar
Logo quero ir lá, pra te escutar
Na volta quero todos os sorrisos
Todos os abraços, todos sem avisos

Mas com esta saudade toda minha
Canto nossa terra, mãe Mariazinha
E aquela voz veloz feito trovão
Me abriu caminhos em abril no Maranhão

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*** De volta com esta letra/canção que fiz há alguns anos sobre saudades. Música foi minha primeira manifestação artística, na infância, ouvindo minha mãe cantar nos caminhos da roça em Santa Isabel-MA, e depois o rádio. Resolvi postar após meu niver, ontem. Hoje, 26/04/2013, são 22h. Até mais! Obrigado! Beijos. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

SOU DÓ RÉ MI FÁ SOL

MANOEL HERCULANO


Amanheço e já não me sinto só, sinto-me sol
E só anoiteço para sonhar com o sol da meia noite
Com a alvorada, e despertar na manhã ensolarada
Sol que madruga, que seca, enxuga, coisa e tal
Sol que bronzeia, a bonita, a feia, a roupa no varal
Sol que queima, que vai e vem, e volta, e teima
Com seus raios, reestreando todo santo dia, sem ensaios
Faça sol ou faça chuva, eu te espero na curva
Na esquina, no farol ou embaixo do lençol
O mundo gira, tudo pode girar, virar girassol
E neste solo, quero fazer um solo musical, em si bemol
E solar, como um rouxinol
Eu sou solar, sou dó ré mi fá sol
O sol que se põe e faz com que eu me ponha a pensar
Ao vê-lo mergulhar atrás da montanha ou do mar
Fim de tarde, despedida covarde, uma quase agonia
E no final do dia, com toda minha covardia
Sem linha nem anzol
Bem que eu ainda gostaria de pescar o sol

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*** Mais de um mês sem postar... Mas voltei com este poema que está no espetáculo e não estava aqui. Então, atendendo a pedidos (apenas um, da Eny Pires, que o tem como preferido) resolvi postá-lo. E também em homenagem a Emílio Santiago que nos deixou hoje e que era absolutamente afinado em todas as notas musicais. E porque hoje iniciou esta linda estação que é o outono. E porque amanhã é o Dia Mundial da POESIA. E porque hoje estarei com Ferreira Gullar. E porque no próximo dia 25 completarei 25 anos no Rio de Janeiro! Ufa, muitos motivos, além de ser um poema que agrada bastante quando eu falo, e me sinto feliz por tê-lo escrito. Enfim, aqui está, comentem, por favor. São 16:00h do dia 20/03/2013. Um grande abraço e até breve, com outro poema, porque sempre passo por aqui, claro. Ah, para quem ainda não sabe, a pessoa veio do MARANHÃO!... rsrs.