quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A B R A - S E

MANOEL HERCULANO


- Abra a boca, mas só deixe fugir, escapar, as palavras que não vão destruir, detonar.
- Abra os olhos, não só para olhar, mas também para ver, para enxergar.
- Abra o livro, sinta-se livre, olhe as palavras, leia as figuras, encontre as curas.
- Abra a porta, saia do cubículo, de todo e qualquer mundinho medíocre, ridículo.
- Abra a mente, permita-se simplesmente, e num segundo, terá seu cantinho no mundo.
- Abra o presente, sem medo de, no futuro, ter um passado sempre muito presente.
- Abra a mão, mas não abra mão de me ver, de ser, de evoluir, construir, de crescer.
- Abra o jogo, com sinceridade na mesa, sem muita franqueza, sem arrogo, sem ser fogo.
- Abra os ouvidos, quando o silêncio falar, quando chegar a hora do diálogo do olhar.
- Abra a roda, para eu entrar, faça a poda se precisar, mas cultive a paz e todo bem que nos refaz.
- Abra os braços, quando eu chegar, para me acolher, me escolher, para me abraçar.
- Abra os trabalhos, mas cuidado com os baralhos, com os vários caminhos, os atalhos.
- Abra um sorriso, quando se encantar, se encontrar, quando a gente se reencontrar.
- Abra uma brecha na agenda, uma fresta na cortina de renda, abra-se, e me aprenda.


------------------------------------------------------------------------------
*** RESOLVI INICIAR 2010 POSTANDO ESTE POEMA QUE ESCREVI RECENTEMENTE (30/12/09). SÃO 3:15h DO DIA 01/01/10. POIS É, FIQUEI EM CASA, NA VIRADA DO ANO, TRANQUILO, SÓ, COM MEUS "EUS"... ACHO QUE COMECEI BEM, PORQUE 2010 SERÁ DEZ!!!

sábado, 26 de dezembro de 2009

BRASIL SIL SIL

Manoel Herculano


Quem me vê, quem me viu, quem só me ouviu
Quem irá dizer que eu não tenho a cara do Brasil?
E tenho mais: a cor, o som, o dom, o ritmo
Deste meu Brasil, brasileiríssimo, legítimo.
Eu sou semelhante aos gritos de gol no estádio
Sou como as canções que chegam pelas ondas do rádio.
Pelas veredas, nos grandes sertões, pelas manhãs
Como sedas, abrindo os botões das Rosas dos Guimarães.
Pelas vidas secas, ressecadas, de tantos fulanos
Sem as folhas esverdeadas dos Ramos dos Gracilianos.
Porque o Brasil é isso, mansão e cortiço.
É sotaque, é folclore, destaque com as tintas que o colorem.
Uma nação estampada na cara de quem ainda pede bis
Em plena madrugada, dos poemas e canções que não fiz
Nos palcos do tudo ou nada, nas danças de um país.
Portanto, não há troço nem treco, mesmo em forma de funil
Que impeça esse eco: Brasil sil sil!


--------------------------------------------------------------------
*** ENTRE ALGUNS POEMAS QUE EU NUNCA SEI SE JÁ COLOQUEI O PONTO FINAL, ESCOLHI ESTE PARA PUBLICAR E FECHAR O ANO. FELIZ 2010!!! QUE SEJA, DE FATO, UM ANO DEZ!
P.S. Foi escrito há um ano! (01/12/08), um pouco antes de participar do programa do JPRoriz na Rádio RJ.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

DE QUEM É A CULPA?

MANOEL HERCULANO


Decreto, sem lamento, lente de aumento ou lupa
Declare, sinceramente: de quem é a culpa?
De quem é ignorante ou de quem tem alma culta?
De quem faz tudo às claras ou de quem oculta?
De quem nada faz ou de quem de tudo se ocupa?
De quem relaxa ou de quem só se preocupa?
De quem aceita provocação ou de quem insulta?
De quem é gente adúltera ou de quem adultera a vida adulta?
De quem não usa camisinha ou de quem disso resulta?
De quem erra o diagnóstico ou de quem não vai à consulta?
De quem pariu ou de quem é filho do que computa?
De quem vota em ladrão ou do eleito que furta?
De quem faz análise ou de quem simplesmente surta?
De quem tira onda ou de quem nela surfa?
De quem é árvore ou de quem prefere ser fruta?
De quem usa a inteligência ou de quem opta pela força bruta?
De quem tem mão boba ou da via de mão dupla?
De quem paga ou de quem aplica a multa?
De quem espera cair do céu ou de quem vai à luta?
De quem faz corpo mole ou de quem se mata na labuta?
De quem lê o tablóide ou do analista que sem explicação, exulta?
De quem prega que tudo pode ou de quem defende rédea curta?
Desculpa, mas se tudo pode, então não Freud com esse papo de culpa.


-----------------------------------------------------------------
*** MAIS UM POEMA NASCIDO NA OLDI. APÓS LEITURA DE "ENIGMAS DA CULPA", DO MOACYR SCLIAR, A MISSÃO ERA ESCREVER SOBRE ESSE TEMA NADA PALPITANTE... E POIS NÃO É QUE RENDEU?! DA MINHA PARTE, ESTE FOI O RESULTADO. ALIÁS, NADA CONTRA ESSE E OUTROS TEMAS CONSIDERADOS NÃO MUITO PALPITANTES. SEMPRE RECORRO À SOLIDÃO, POR EXEMPLO. LITERALMENTE...

sábado, 7 de novembro de 2009

A G E N D A

MANOEL HERCULANO e seus POEMAS de HUMOR e AMOR

*****UM AUTOR À PROCURA DE PERSONAGENS*****

--- Dias 16 e 30 de Novembro de 2009, às 21h

No "Conversa Fiada" em Ipanema

End: Rua Vinícius de Moraes, 75 - 3. andar

Obs: Haverá participação de outros poetas.



--- Dia 26 de Novembro de 2009, às 15h

No I B M R, em Botafogo

End: Praia de Botafogo, 158

Obs: Após apresentação, haverá convidados


*** ESPERO VOCÊ, QUE GOSTA DO MEU TRABALHO

OUTRAS FALAS I

Manoel Herculano

I
Olharam-se, apaixonaram-se, beijaram-se
E no meio da rua, banhados pela lua
Completamente apaixonados
Morreram atropelados.

II
Liguei para dizer que era o fim

mas fiquei mudo
Foi então que, antes de mim
ela colocou um ponto final em tudo.

III

Baile à fantasia
na minha frente, um verdadeiro filé
Fiz a cortesia
a máscara caiu de repente, era minha ex-mulher.

IV
Não tenho medo da morte

Não sou desse tipo de gente
Só peço a Deus muita sorte
Para, se possível, ficar pra semente.

V
Ela tinha uma queda por ele, ele era caído por ela
Coisas de quem ama.
Um dia se esbarraram, e enfim os dois acabaram
Caidinhos na lama.


-----------------------------------------------------------------------
*** É isso aí, estou exercitando, aprendendo. Difícil para quem é um tanto prolixo...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

COM A PALAVRA

MANOEL HERCULANO


"E as últimas palavras desse nosso amor, você vai ter que ouvir..."
Dá licença, eu estou com a palavra
E se estou com a palavra, automaticamente minha língua destrava
Porque, sem palavreado, a palavra é minha única arma
Com ela eu faço canções, orações, desfaço karma
Descrevo um tema e escrevo um poema que te desarma
Como é bom saber usar as palavras, beber sábias palavras
E, curiosamente, eu gosto até de meias palavras
Não de meia verdade, acho triste não ter palavra
Aprendi com meu avô, analfabeto, filho de índio e escrava
Um doutor ensinando ao neto, o valor da fala que ele mal soletrava
Detesto medir as palavras, engolir palavras
Principalmente aquelas de cores fortes, sonoridades bravas
Palavra que dá gosto ouvir, falar, sentir, cantar
Palavra que invade nosso pensamento, causa aflições, tece sua teia
Que lavra nossa mente e milhões de ideias semeia
Palavra que provoca segundas intenções, o poder da astúcia
E desemboca nas inspirações, sensações de prazer e angústia
Palavra novinha em folha, bonita, cheia de razão, que a gente grava                                                             Palavrinha tola, esquisita, palavrão com que se agrada, agride, agrava
Ou simplesmente:
"Outras palavras, outras palavras..."
"Por favor entenda, que palavra por palavra eis aqui uma pessoa..."
"Palavras são palavras, e a gente nem percebe o que disse sem querer..."
"Pena que pena que coisa bonita, diga qual a palavra que nunca foi dita, diga..."
"Minha palavra cantada pode espantar, e aos seus ouvidos parecer exótica..."
"Só uma palavra me devora, aquela que meu coração não diz..."
"Palavra não foi feita para dividir ninguém/ Palavra é a ponte onde o amor vai e vem/ Onde o amor vai e vem".


*********************************************************************************
*** E ALGUM TEMPO DEPOIS... EIS AQUI UMA DAS ÚLTIMAS CRIAÇÕES, INSPIRAÇÕES, ALUCINAÇÕES, SEI LÁ... SERÁ QUE ESTOU MESMO "COM A PALAVRA?" ENTÃO VOU PASSÁ-LA A QUEM QUISER SE MANIFESTAR... QUERO RECEBER "OUTRAS PALAVRAS, OUTRAS PALAVRAS..." E NADA DE "ÚLTIMAS PALAVRAS..."

AGRADECIMENTO:

Olá, amigos! Por enquanto, acabou temporada de "Um autor à procura de personagens" na Biblioteca Machado de Assis, em Botafogo. E eu quero agradecer a atenção da Cida Ribeiro, Leila, os outros funcionários, e todas as pessoas que foram me prestigiar naquele espaço, especialmente as que colaboraram, como Aline Reis, Aristô de Carvalho, Myriam de Filippis, Nely Madsen, Maíra Rada, Lydia e Humberto Simonato... VALEU! E até BREVE!!!