quarta-feira, 1 de junho de 2016

FOI EM ABRIL

MANOEL HERCULANO
                                

Era um lugar no meio do mato
no mês quatro
do ano de mil novecentos e um bocado
E como se fosse no atacado
uma cegonha me despachou decidida
sem cerimônia fez recomendações
e disse mais, antes da partida:
vai em paz
não tenha vergonha
vai ser caipira na vida
Fazer o quê
eu vim
questão resolvida
Foi assim que abril me abriu as portas
abriu as comportas das minhas represas
e nem nos meus delírios
ouvindo sinos, seguindo círios
desconfiei que aquelas águas me reservavam tantas surpresas
Demorei, ponderei
mas caí no mundo
e não saí pelos fundos
abri a porteira da frente
rumei pra cidade
a parteira
a palmada
aquela madrugada plangente
deram o tom da minha identidade
Foi neste mês
naquele dia
que pela primeira vez fui diagnosticado com poesia
Porque o destino é ágil
sempre agiu, aqui e lá
E ainda age
em todo lar, em toda laje
Olha quanta coisa tem acontecido em abril
desde aquele dia amanhecido até esses anos dois mil
tem o dia do livro
do Indígena
do descobrimento do Brasil
E tantas datas não comemoradas
nas matas de Santa Isabel
todas relembradas em outras madrugadas
quando cheguei na Cidade Maravilhosa de Vila Isabel
Perdoem a falta de modéstia e tanto convencimento
mas abril é uma cortina se abrindo
uma nova oportunidade me sorrindo
é São Jorge no fortalecimento
um palco iluminado
para grande cena de renascimento

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*****De volta com mais uma homenagem e, deixando a modéstia de lado (fazer o quê?), a mim mesmo... rsrs. Foi quando fiz aniversário, decidi postar agora. Que tal? São 20:30h do dia 01/junho/2016. Gosto muito deste mês, das festas juninas. Abraço!